A deputada Dra. Zeli (UB), procuradora especial da Mulher no Parlamento goiano, comandou audiência pública, na tarde desta segunda-feira, 20, com o tema “Mulheres vítimas de violência doméstica e feminicídio”.
A parlamentar iniciou o encontro na Sala das Comissões Júlio da Retífica cumprimentando a deputada federal Sylvie Alves (UB); a secretária de Projetos, Dra. Cristina Lopes; as procuradoras especiais instaladas nos municípios; os parentes de mulheres vítimas de feminicídio; e as demais mulheres que prestigiaram o evento, em sua maioria.
De mãos dadas com Silvye Alves, Dra. Zeli frisou a importância de se discutir a violência contra a mulher, especialmente em Brasília. “Estamos aqui para ouvir, trocar ideias, cada uma de acordo com a sua vivência, infelizmente, para concluir que o melhor caminho para minimizar os crimes contra as mulheres são punições mais severas, e isso foge das nossas mãos como deputada estadual, mas está nas mãos do Poder Legislativo federal, que pode modificar as leis e brigar para que as coisas mudem”, ressaltou.
Já a deputada federal do União Brasil fez um discurso eloquente sobre os episódios de violência e feminicídio contra as mulheres que têm ocorrido no Brasil. “A violência é real, não se trata de uma modinha, precisa ser combatida incansavelmente. A gente não se mata, a gente não se bate, a gente apanha, a gente está sendo morta”, frisou.
Em seguida, a deputada federal desabafou sobre as ações judiciais que têm respondido por iniciativa de homens, os quais ela tem denunciado, assim como sua indignação. “Agora estou sendo processada por homens que eu divulgo na minha rede social e eu estou perdendo. Isso é um completo absurdo. O Judiciário goiano é travestido de machismo”, pontuou.
Durante a audiência, Roberto Campos, pai da advogada Jordana Fraga Martins David, de 22 anos, vítima de feminicídio em Itaberaí, em 2018, fez um breve relato sobre o feminicídio. Relatou também como como a Justiça tem dado sequência ao julgamento do acusado, ex-noivo, que teria assassinado e tentado forjar um suicídio para encobrir o homicídio.
“Ele é acusado de feminicídio, fraude processual, posse e porte ilegal de arma”, afirmou Campos. “Eu tenho muita fé na justiça dos homens para que ele seja condenado e sirva de exemplo para outros homens, afinal de contas, não são sete dias, sete semanas ou sete meses, são sete anos de sofrimento”, destacou.
A estudante anapolina Railma Lisboa da Silva, de 27 anos, também comentou sobre o ataque que sofreu contra sua vida, quando teve parte do braço e a mão decepadas pelo ex-companheiro, que insistia em uma reconciliação. “Eu chamei uma moto de aplicativo, não andei 300 metros, ele apareceu colidindo na moto e me golpeando com o facão na região do pescoço e nos braços.”
O caso da jovem adolescente Amélia Vitória, cujo estuprador e assassino foi condenado a 48 anos e 6 meses de prisão em júri popular, em Aparecida de Goiânia, bem como o da servidora pública Nádia Gonçalves de Aguiar, de 47, morta pelo namorado em um bar, momentos antes de ser espancada, em Rosalândia, distrito de Bela Vista de Goiás, foram expostos no encontro.
Ao final da audiência pública, a deputada Dra. Zeli ouviu vários depoimentos de mulheres ativistas, outras vítimas, líderes de bairro e representantes de entidades de classe com sugestões de políticas públicas para o Estado de Goiás.