O mês de agosto, conhecido como “mês do cachorro louco”, foi bastante difícil para o Joca, um cachorro de aproximadamente 3 meses atualmente.
Joca já havia passado por grandes dificuldades aos 30 dias de vida: sobreviveu à parvovirose, uma doença viral, altamente contagiosa e potencialmente fatal, que atinge principalmente cães filhotes não vacinados. A doença é causada pelo parvovírus canino. Normalmente, a primeira dose da vacina é aplicada aos 45 dias de vida, mas, no caso de Joca, a parvovirose chegou antes.
Sobrevivente de uma ninhada de cinco filhotes, com quase dois meses de vida, ele fugiu e acabou sendo atropelado. Segundo relatos, a pessoa que o atropelou apenas o colocou no canto da calçada e foi embora.
A tutora, ao perceber a ausência do animal, saiu em busca dele. Ao encontrá-lo, percebeu que ele sentia dores e não conseguia caminhar. Levou-o imediatamente a um veterinário particular. Após gastar cerca de R$ 2.000,00 com internação, exames de raio-X e ecografia, foi constatado que Joca tinha diversas fraturas: na pelve, fratura completa da 5ª, 6ª, 7ª e 8ª costelas esquerdas, além de danos na cabeça do fêmur.

O orçamento da cirurgia na rede particular foi de R$ 10.000,00 — um valor inacessível para a tutora naquele momento. Restavam poucas opções: sacrificá-lo, deixá-lo sofrendo com sequelas, ou torcer para que os ossos se consolidassem espontaneamente, mesmo que isso comprometesse sua qualidade de vida.
No entanto, após pesquisas na internet, a tutora descobriu a existência do Hospital Veterinário Público (HVEP). Ao tomar conhecimento do caso, este jornalista decidiu acompanhar todo o processo.
Com as informações em mãos, seguimos para a fila de atendimento. A demanda no HVEP é enorme. Fomos até a cidade de Taguatinga (DF), onde o serviço é prestado. Chegamos por volta das 22h30 de uma quinta-feira e permanecemos no carro até às 7h30 da manhã de sexta-feira, horário em que se inicia a triagem.
Durante a espera, observei diversos animais em situação crítica: cães e gatos com fraturas, tumores, problemas renais, entre outros, acompanhados por protetores e tutores dedicados. Assim começou a saga pelo tratamento de Joca.
Passamos o dia todo no local. Após a triagem, fomos encaminhados para a ortopedia. O veterinário ortopedista, muito atencioso, examinou Joca e solicitou exames de sangue, raio-X e ecografia — todos realizados no mesmo dia e com resultados prontos ao final da tarde.
No mesmo dia, o veterinário nos explicou detalhadamente a situação de Joca e o que seria necessário fazer. A cirurgia dependia apenas da confirmação dos exames de sangue. Na segunda-feira, voltamos à fila, mas, devido à grande demanda, não conseguimos atendimento. O mesmo ocorreu na terça-feira. Decidimos então chegar às 20h da quarta-feira para garantir atendimento na quinta.

Conseguimos. Os exames foram realizados e, como não havia impedimentos clínicos, a cirurgia foi marcada para as 7h30 da manhã seguinte. O procedimento foi realizado com sucesso: Joca recebeu placas e pinos conforme a orientação médica e foi liberado no mesmo dia, à tarde.
O retorno para retirada dos pontos e novo raio-X já foi feito, e Joca está se recuperando bem. Cheguei a brincar que gostaria de ser atendido na rede pública de saúde da mesma forma que Joca foi atendido no HVEP.
Informo que foi uma experiência interessante e interagi com outras pessoas, observei também várias viaturas da polícia, que traziam animais vítimas de maus-tratos, observei os animais que chegavam em situação de penúria e que a maldade humana não tem limites, mas que prontamente foram acolhidos pela equipe do hospital.
Observei o drama passado pelas pessoas na fila de atendimento, animais com cancêr terminal, animais idosos, animais com problemas renais, e com dificuldades de andar por problemas neurológicos.
Observei uma moça que chegou mais tarde chorando e correndo com um animal se não me engano da raça shih-tzu, mas que infelizmente já tinha falecido nas mãos da tutora, de pronto o animal foi atendido mas não havia nada mais a ser feito. Só sabe o drama e a necessidade do serviço veterinário quando o problema surge.
Fica evidente a necessidade da ampliação do serviço de atendimento aos nossos amigos de 4 patas.
Parabenizo toda a equipe do Hospital Veterinário Público (HVEP). É um trabalho essencial, a nossos amigos de quatro patas.

